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Fábio Portela
projeto de pesquisa

Se você deseja descobrir como elaborar um projeto de pesquisa de excelente qualidade, espero poder ajudar!

Redigir um projeto de pesquisa de qualidade é uma tarefa essencial para a aprovação no mestrado ou doutorado.

É, provavelmente, a etapa mais significativa de um processo seletivo, já que é nele que o candidato demonstrará sua proposta genuína de pesquisa e sua maturidade como pesquisador. Por isso, é essencial dedicar grande parte de sua preparação para os estudos em uma pós-graduação stricto sensu.

Não existe um projeto de pesquisa “universalmente” bom. Cada faculdade e universidade tem um modelo próprio de projeto de pesquisa e, por isso, o candidato precisa estar atento ao edital. Além disso, é importante aproveitar a experiência de candidatos aprovados no passado para identificar os pontos positivos da experiência.

Dito isso, existem qualidades que todo bom projeto de pesquisa deve ter.

O projeto de pesquisa precisa estar vinculado às linhas de pesquisa do programa de pós-graduação

Já bati nessa tecla outras vezes, mas nunca é demais repetir. O tema pesquisado precisa ser compatível com as linhas de pesquisa do programa de pós-graduação.

Como diz a professora Iluska Coutinho, da UFJF: “É preciso conhecer o programa de pós-graduação para o qual está se candidatando. Às vezes, a proposta é boa, mas a pesquisa não se relaciona com os objetos de estudo desenvolvidos no programa, que deve se preocupar com aderência à linha. Se a proposta não dialogar, vai gerar problema mais à frente”.

O quê? Quem? Como? Quando? Por quê?

Essas cinco perguntas são fundamentais para elaborar um projeto de pesquisa e você deve estar preparado para respondê-las. Apresentar sua proposta de maneira satisfatória significa que você respondeu adequadamente a cada uma dessas questões.

O que você vai pesquisar?

Essa pergunta é usualmente respondida em seções particulares do projeto de pesquisa. Ao definir o tema, delimitá-lo e descrever o objeto da pesquisa, é preciso deixar claro o que você pretende pesquisar.

Quem vai pesquisar? Quem você vai citar?

Alguns editais exigem que o candidato indique desde logo o orientador no projeto de pesquisa. Mais que meramente indicá-lo, é importantíssimo justificar a escolha, mostrando o porquê de tê-lo escolhido para a tarefa.

Além disso, também é relevante indicar os principais autores com que você dialogará ao longo da pesquisa. Quem será citado? Quais as principais referências bibliográficas? Por que você considera essas obras/autores relevantes? Como eles dialogarão? Tudo isso precisa ser adequadamente discutido na Justificativa, no Marco Teórico (Referencial Teórico) e os autores utilizados e que se pretende discutir na pesquisa devem ser indicados nas Referências Bibliográficas.

Por que sua pesquisa é importante?

A justificativa é uma seção importantíssima do projeto. É nela que você vai explicar porque sua proposta é importante, bem como indicar a vinculação do projeto à linha de pesquisa escolhida.

Esforce-se para mostrar também que a discussão a ser travada no projeto é atual. Indique autores contemporâneos que também estão discutindo-a ou, ao menos, estão discutindo temas próximos ao escolhido.

Quando a pesquisa será desenvolvida?

O cronograma é uma etapa importante do projeto, mas muitos candidatos a deixam de lado. Mas um bom cronograma deixa claro para a banca que, no mínimo, você tem um bom planejamento para a sua pesquisa.

Além disso, ele indica a competência para organizar seu tempo de modo a concluir o estudo no prazo normativo (dois anos para mestrado, quatro anos para doutorado). É essencial, portanto, que você indique no cronograma quanto tempo dedicará a cursar as disciplinas do curso; quanto tempo será alocado para a pesquisa (leitura de bibliografia); e quanto tempo utilizará para escrever sua dissertação/tese.

Como você desenvolverá sua pesquisa?

Essa questão é respondida indicando a metodologia a ser utilizada.

Um dos principais segredos de como elaborar um projeto de pesquisa é ter uma seção de metodologia bem construída.

As monografias em direito e filosofia usualmente utilizam o método monográfico/bibliográfico, já que a maioria das teses/dissertações adotam uma pespectiva teórica (e não empírica). Mas é preciso indicar, para além disso, como você pretende pesquisar novas fontes bibliográficas. Se possível, refira os critérios utilizados para escolher os autores, vinculando-os ao marco teórico escolhido.

Em outras áreas, como as ciências da saúde, exatas e biológicas, ou ciências humanas como sociologia e antropologia, podem adotar um caráter empírico.

Mas atenção: muitos manuais de pesquisa científica trazem como métodos referências vagas ao “método indutivo”, “método dedutivo”, “método hipotético-dedutivo”, “método hermenêutico”. Nada disso, na verdade, é método. São teorias filosóficas sobre como a ciência é construída, e não como um objeto de pesquisa é estudado. Mas alguns professores ainda insistem em exigir que o candidato faça referência a um desses métodos. Por isso, eu incluiria referência a um desses “métodos” (entre aspas), apenas para satisfazer professores que seguem essa linha que é, a meu ver, inadequada. E citaria o livro de metodologia de onde você o extraiu.

Recomendo a leitura do excelente livro “Research Methods for Law” para uma atualização sobre esse tema. O livro expõe as diversas metodologias para pesquisa em direito. incluindo pesquisas normativas, de caráter mais sociológico, antropológico e de direito comparado.

Cite muitas referências no projeto de pesquisa

Outro aspecto importante é citar. Cite, cite, cite. Para elaborar um bom projeto de pesquisa, você deve mostrar que você domina toda a bibliografia necessária para fundamentar a proposta de pesquisa. E não se esqueça de utilizar as regras da ABNT.

Evidentemente, não é preciso citar tudo o que você pretende discutir no mestrado/doutorado. Mas é necessário citar todos os autores e referências que você pesquisou para escrever o projeto de pesquisa.

Além disso, cite também autores e textos que, embora você não tenha lido com propriedade, serão importantes para a pesquisa.

Dê uma folheada em livros e artigos que considera relevantes para o trabalho final e cite uma ou outra passagem. Isso atrairá a atenção da banca, pois mostrará que, no mínimo, você fez o “dever de casa” de pesquisar uma bibliografia preliminar e citá-la no projeto de pesquisa.

Se houver um ou outro autor que discorde de sua tese, não há problema algum em citá-lo em nota de rodapé. Cite-o e apresente os motivos pelos quais você o considera equivocado no ponto de discórdia. Isso também pode pesar a seu favor por mostrar independência e autonomia no pensamento. Mas atenção: escolha para este fim autores não considerados essenciais pela faculdade.

Criticar frontalmente autores “endeusados” por professores vinculados à linha de pesquisa do projeto pode ser desastroso. O ideal é escolher autores mais secundários para fazer esse tipo de crítica, a fim de não ferir suscetibilidades. Evidentemente, ao longo de sua pesquisa (dissertação/tese), você terá mais liberdade de efetuar críticas mais fundamentadas aos autores centrais.

A justificativa é central para o projeto de pesquisa

Dedico atenção particular à Justificativa porque é uma seção usualmente deixada de lado por muitos candidatos. Mas ela é central para mostrar quão valioso é sua proposta de pesquisa.

Se você quer descobrir como elaborar um projeto de pesquisa, então preste atenção a esta seção importantíssima!

Na justificativa, você tem muito mais liberdade para mostrar sua ligação pessoal com o tema de pesquisa e apresentar os motivos de sua escolha. Se você trabalha profissionalmente com matérias próximas ao tema escolhido, deixe isso claro no projeto. Se você já estuda o tema há muito tempo e já o pesquisou parcialmente em sua monografia de final de curso (TCC), também esclareça esse ponto. Mostre já ter experiência com o assunto.

Hoje em dia, graças às exigências de cumprimento de prazo pela CAPES, muitas faculdades estão preocupadas com o cronograma da pesquisa. Há muitos candidatos que “se perdem” ao longo do trabalho e perdem os prazos, o que leva a redução de notas no processo de avaliação dos cursos de pós-graduação.

Assim, as bancas examinadoras preferem aprovar candidatos que já demonstram conhecimento ao menos parcial do tema de pesquisa. Afinal, é mais provável que eles tenham uma curva de aprendizado mais curta que os candidatos que precisam aprender tudo sobre o tema durante o curso.

Na justificativa, demonstre também que o tema é atual e vem sendo estudado por pesquisadores conhecidos (ainda que a banca não os conheça). Se o tema for desconhecido no Brasil, mas muito estudado no exterior, demonstre isso.

Cite textos sobre o tema publicados em revistas importantes. Cite conferências, escreva sobre grupos de pesquisa no exterior que se dedicam a estudar o tema. Com isso, você mostrará que sua pesquisa não é “conversa de maluco” e que, sim, o tema é importante.

Também preste atenção ao problema de pesquisa!

Outro aspecto fundamental para que você possa aprender como elaborar um projeto de pesquisa é o domínio do problema de pesquisa.

Assim, o problema é central, o ponto de partida de qualquer investigação acadêmica, e sua definição clara e precisa é essencial para orientar todo o processo de pesquisa.

Conclusões

Espero ter ajudado você a descobrir como elaborar um projeto de pesquisa de qualidade!

O projeto de pesquisa é sua grande chance de mostrar que sua proposta é importante. Faça tudo o que é necessário para demonstrar isso e que, mais do que tudo, você tem tudo para conclui-la com sucesso.

Consiga convencer a banca da importância do tema, de que você é a pessoa certa para estudá-lo e escrever sobre ele com sucesso. Mas não seja arrogante. Nunca se autoelogie; escreva o mais objetivamente possível, mas mostrando suas qualidades e virtudes como acadêmico.

Alcançando isso com seu projeto de pesquisa, suas chances de aprovação aumentarão substancialmente.

Plágio acadêmico: o que é e como evitar?

Fábio Portela

Minha missão é impulsionar seu sucesso acadêmico. Do projeto de pesquisa à tese de doutorado, ensino estratégias que facilitam o caminho de quem deseja seguir na carreira acadêmica.

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