Muitos candidatos a programas de mestrado em direito cometem reiteradamente erros que tornam muito mais difícil de alcançar seu objetivo. Por isso, é importante saber o que não fazer ao se candidatar a um mestrado em direito. E, graças a esses equívocos, realizar o sonho acadêmico de cursar uma boa pós-graduação pode ficar bem mais distante. No post de hoje, discutirei esses erros e como evitá-los para melhorar ainda mais suas chances de sucesso.
1. Não se preparar com antecedência para o processo seletivo
Os melhores projetos de pesquisa não são escritos em duas semanas. Não são poucos os candidatos a programas de mestrado que me procuram às vésperas da entrega de seu projeto de pesquisa para auxiliá-los. Já recusei diversas propostas de mentoria por conta da falta de tempo hábil para desenvolver a proposta com a qualidade necessária.
O primeiro erro é, justamente, esse: preparar-se em cima da hora. Querer escrever o projeto em cima da hora, ler todos os textos para o processo seletivo de uma vez só. Com isso, falta tempo de revisar as leituras, É preciso tempo – muito tempo – para desenvolver uma proposta adequada ao ingresso nos melhores programas de mestrado e doutorado em direito. Você precisa ter o domínio da literatura básica considerada adequada pela linha de pesquisa a que está se submetendo, bem como compreender o perfil da faculdade.
2. Preparar um projeto de pesquisa inadequado à instituição
De nada adianta ter o melhor projeto de pesquisa do mundo e ele não ser adequado ao programa desejado. E digo isso de experiência própria: na minha primeira tentativa de ingressar no mestrado, redigi aquele que considero até hoje o melhor projeto de pesquisa que já escrevi. Mas era inadequado à faculdade. E, por isso, fui eliminado na fase de exame do projeto de pesquisa.
Cometi o erro, mas aprendi a lição. Em todas as seleções posteriores, fui aprovado em primeiro lugar. E uma das razões foi que, a parti dali, sempre busquei observar as linhas de pesquisa, quem eram os autores mais estudados, ler os artigos publicados pelos professores da faculdade. Portanto, evite a tentação de elaborar um projeto de pesquisa genérico. Se você deseja se submeter ao processo seletivo de duas ou mais instituições, escreva um projeto para cada instituição. Ou, no mínimo, reserve um bom trabalho de revisão para ajustá-lo às particularidades de cada processo seletivo.
3. Ouvir a opinião de todo mundo sobre seu projeto de pesquisa
É ótimo ouvir a opinião de outras pessoas – principalmente as mais experientes. O olhar do outro é sempre uma perspectiva importante para compreender melhor nossas próprias posições. A crítica justificada é sempre bem-vinda e é um ponto de apoio relevante para melhorar o projeto de pesquisa. Contudo, ouvir opiniões demais pode causar confusão.
Tenha em mente que muitas pessoas querem apenas influenciar os outros e impor seu ponto de vista. Outras tantas têm receio de que uma pesquisa original possa ofuscar seu próprio sucesso e acabam recomendando cautela excessiva quanto ao tema a ser explorado. Evidentemente, ter cautela é sempre importante, mas não ao ponto de suplantar a originalidade de sua própria pesquisa. Escute a opinião de outras pessoas qualificadas, mas use seu “filtro interior”.
4. Acreditar que todo processo seletivo de mestrado em direito é igual
Cada instituição tem uma seleção de pós-graduação própria. Em algumas, o projeto de pesquisa tem mais peso. Em outras, o contato prévio do aluno com a instituição pesa mais. Em outras instituições, que prezam mais pelo combate à endógena, esse fator é menos relevante (e, por outro lado, pesa bastante que o candidato tenha cursado sua graduação em outro lugar). É um erro, portanto, acreditar que estar bem preparado para um programa te qualificaria a participar de qualquer outro.
5. Usar o projeto de pesquisa como meio para extravasar seu viés ideológico
Outro equívoco muito comum é utilizar o projeto de pesquisa para divulgar uma ideologia. É evidente que a ideologia está presente em qualquer ponto e que, como apontam epistemólogos como Thomas Kuhn, Bruno Latour (entre outros), não existe pesquisa inteiramente objetiva. É claro que a ideologia influencia na escolha de seu objeto de pesquisa. Até aí, sem problema.
O problema surge quando o projeto de pesquisa se transforma em mera reprodução ideológica, sem apresentar o problema adequadamente e, pior, sem sequer dialogar com teorias alternativas. Esse é um erro capital, que pode acabar com as chances de aprovação. Cite outros autores (especialmente os mais estudados pelo programa de pós-graduação), mostre que sua pesquisa não está isolada de outras possibilidades de abordagem. Refute, na medida do admitido na abordagem introdutória do projeto de pesquisa, as linhas de pensamento alternativas, com base no seu marco teórico. Mas jamais escreva como se suas ideias fossem uma questão de fé.